Titina é uma drag queen conhecida por sua performance marcante e estilo clássico. Sua presença no palco é sempre um espetáculo à parte..
Inspirações: Gala Varo, C-pher, Turbulence QueenTiffany traz uma estética moderna e ousada, combinando moda, atitude e muita personalidade nas suas apresentações.
Inspirações: Plastique Tiara. Valentina. Lady GagaSamantha é puro glamour com atitude! Suas performances são carregadas de emoção, técnica e uma presença marcante no palco.
Inspirações:Jinkx Monsoon, Grag Queen e Monet X changeEu faço drag há três anos. Estou quase a caminho do quarto ano. E o primeiro que eu conseguisse encontrar realmente a minha drag.. foi assim a minha construção.
Eu comecei sem nada. Por norma, quando começas a fazer a arte drag, tu tens uma família construída. Alguém te convida para ser drag, alguém te convida para seres filho, para seres filha, para seres sobrinha, tia, o que seja.
E eu, pá, do nada, eu comecei a ver RuPaul, não é? Muitas drags começam por aí.
Eu gostava, gostava daquilo que via. Eu sempre amei artes, sempre gostei muito do mundo das artes. E então, um dia estava a trabalhar e pensei - olha, vou… Vou tentar, porque não?
E fui. Depois ganhei o mesmo interesse por aquilo. Então encontrei uma formação de maquilhagem. Comecei a construir a minha própria roupa.
Há três anos atrás eu andava numa situação da minha vida em que eu precisava de algo mais.
Eu trabalhava, mas eu sentia que faltava dar um rumo à minha vida.Faltava alguma coisa. Então, eu tentei, eu testei e gostei muito. E realmente foi algo que me fez muito bem. Eu não me arrependo e cada vez quero melhorar mais e ser mais.
Antes de ser drag eu sentia muito preconceito, muito bullying, muitas portas fechadas. E então, eu fui à minha primeira marcha, eu já devia ter os meus 19 anos, mais ou menos. E essa primeira marcha que eu fui foi a do Porto, uma das maiores, a segunda maior.
E eu gostei bastante, porque até àquela idade eu andava ali, sou ou não sou, o que é que eu vou fazer, o que é que eu não vou fazer.
As marchas servem muito para isso, para que nós consigamos lutar pelos nossos direitos, para conseguirmos ser realmente livres como somos.
Porque infelizmente, em pleno século XXI, ainda tínhamos muito preconceito com habitação, com trabalho - só pela sexualidade que seguimos, só por quem é que nos vamos deitar à noite, só pela maneira que nos vestimos ou como queremos andar na rua.
O meu drag é um drag de ativismo. Então, a minha drag persona é muito ativista, claro, faz coisas fora isso, durante o ano inteiro partimos em festas, bares, faço shows e assim, que não tem nada a ver com o ativismo, mas sou muito ativista.
E a minha drag é 100% feminina, não tem nada de masculino.
O que eu faço em palco, a maneira que eu me visto, é sempre a minha verdade e sempre como eu me sinto.
Eu se não gostar, não vou fazer, não vou levar, eu não vou fazer só uma música, só porque eu sei que aquela pessoa vai gostar. Não, tu tens de te sentir bem em palco.
Então, eu tento sempre passar que as pessoas se sintam bem, que as pessoas sejam felizes, que façam o que elas gostam, que não se prendam por nada nem por ninguém.
25 de Abril foi para alguma coisa, temos que ser livres, temos que ser como nós mesmos - sem, como é óbvio, ultrapassar a liberdade do outro - mas sermos nós mesmos, sermos felizes e seguir os nossos sonhos, sempre.
Não há um tipo de drag. Não há um tipo de roupa para drag. Não há um tipo de maquilhagem para drag.
Por exemplo, eu neste momento tenho um filhe drag. E sim, filhe, porque é uma pessoa drag sem género. Nem é drag queen, nem é drag king. É uma pessoa drag.
Hoje apetece-lhe fazer drag queen, faz drag queen. Amanhã apetece-lhe fazer drag king, faz drag king. Ele é um homem trans. É um homem trans masculino. E então o drag dele não se resuma a nada. Por isso que ele se chama mesmo Drag Nada.
Porque ele até pega e junta as vezes os dois. Tem a parte masculina e a parte feminina.
E se tu fores a ver, falam muito drag queens, drag queens, drag queens, drag queens. Mas também temos aqui ao nosso lado os drag kings. E então, é basicamente como dizemos: somos todos uma família.
O nosso trabalho é como uma outra arte qualquer. É como quem dança, é como quem canta. As pessoas não percebem o que é o nosso trabalho realmente. Não apenas é um homem que se veste de mulher ou uma mulher que se veste de homem para ir para cima de um palco mexer-se, como muitos dizem. É um trabalho. Como um dançarino tem de treinar para ir fazer o seu show, um cantor tem de afinar a voz, nós também temos que fazer uma dinâmica muito grande para conseguir ter esse tipo de treino, a parte de maquilhar, a parte de vestir, a parte de às vezes fazer, as nossas próprias roupas e acessórios.
E é uma arte que não é muito bem vista. Há pessoas que pensam “ser drag é fácil, é meter um bocado de base na cara, uma peruca e um salto alto.” Não. Uma maquilhagem demora entre 4 a 5 horas para fazer, então não é apenas meter um bocado de base na cara.
A drag é mais do que glamour - é um ato vivo de expressão, rebelião e resiliência. Desde os palcos do teatro shakespeariano, onde os homens interpretaram papéis femininos pela primeira vez, até os clubes clandestinos da América do século XX, a drag sempre foi uma forma de romper limites
Na década de 1960, rainhas como Marsha P. Johnson transformaram o protesto em poder nas revoltas de Stonewall. A década de 1980 deu origem à cultura de salão de baile da cidade de Nova York, onde as rainhas negras e latinas transformaram a moda, o voguing e a “realidade” em arte - imortalizada em Paris is Burning.
E nos anos 2000, RuPaul levou a drag para as salas de estar de todo o mundo, tornando-a parte da cultura pop convencional, mas sem nunca perder suas raízes na resistência.
Enquanto os EUA faziam a drag falar alto e com orgulho, a drag europeia assumiu um sabor diferente - elegante, de vanguarda e, muitas vezes, profundamente teatral. Em Berlim, Londres e Paris, as drag queens ultrapassaram os limites artísticos com visuais de alto conceito, performances operísticas e sátira política mordaz.
As drags europeias misturam arte performática, jogos de gênero e ativismo, transformando o cabaré em um palco de beleza e declarações ousadas.
Lendas como Teresa Al Dente, Lolita Von D e Gaya D'Gar representam uma nova onda de drag que combina a cultura portuguesa com moda ousada, humor e ativismo. Suas performances refletem a riqueza da identidade local, misturando fado, folclore, sátira e fabulosidade.
As drags em Portugal não apenas entretêm, mas também educam. Muitas rainhas usam suas plataformas para abordar a visibilidade trans, o racismo, a saúde mental e a história queer, reformulando a cultura com cada sincronia labial, cílio e risada.
Drag Social é uma página dedicada às questões políticas no universo das Drag Queens. Realizamos entrevistas com diferentes Drags e reunimos suas respostas em um compilado que revela as múltiplas faces de uma mesma questão.